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quarta-feira, 30 de março de 2011

EITOR – UM ELEITOR EM APUROS

Foi encontrado perambulando, na região do Alto do Meio, próximo ao Chico Nunes, um jovem de 18 anos, totalmente desnorteado, com sintomas de síndrome do pânico – sensação de estar sonhando ou distorções de percepção da realidade.

Para preservar-lhe a verdadeira identidade, Chamaremos o jovem de Eitor – diminutivo de eleitor. Falo diminutivo pelo motivo que passo a relatar sobre os transtornos que o adolescente passou tentando entender a estória ou história política de Campo Maior.

Eitor tentou explicar, sem muita clareza, o que se passava com ele. Nem o tsunami do Japão causou tanto estrago quanto a cratera ocasionada na cabeça de Eitor.

Contou que foi convencido a tirar o título de eleitor para se tornar um cidadão. Votou pela primeira vez para prefeito em 2008, ainda com 16 anos. Em 2010 votou para Deputado Estadual. Até aqui tudo bem, pois 13 e 40 embalavam uma mesma música de campanha: molim, molim. A confusão só começou mesmo em janeiro de 2011 quando teve que votar novamente para prefeito. Só que agora quem era molim ficou durim e quem era durim ficou molim.

Ocorre que a confusão não se restringia às eleições somente, mas a toda vida política em torno da eleição suplementar, a começar pela Câmara que se transformou numa Cama: os vereadores deitaram e rolaram e enrolaram a sua consciência. Lobo mau virou vovozinha, raposas velhas viraram cordeirinhos e a confusão ficou feia. Até o saudoso Cunha Neto, grande poeta campo-maiorense, teria dificuldade para narrar o fato em literatura de cordel.

A campanha começou e Eitor tinha dúvida tremenda em quem votar. Uns diziam que o treze era o número da sorte, outros diziam que era de azar. Outros supersticiosos diziam: a campanha eleitoral vai durar 40 dias – isso é um sinal...

Agora já não era mais uma questão de escolher o melhor ou a melhor candidata, a decisão seria baseada nas previsões astrológicas, cósmicas, espirituais e até mesmo no jogo do bicho. Então correu a uma famosa barbearia do centro da cidade e lá conversou com o bicheiro e descobriu:

13 – borboleta

40 - coelho

E agora? Borboleta ou coelho?

Borboleta, pensou ele, já foi lagarta e lagarta vive nas folhas e come pelas beiradas. Depois cria asas e alça vôo. Seria um bom palpite? Analisou então o coelho e chegou a conclusão de que coelho é um bichinho fértil, reproduz com rapidez, logo teria uma grande família para manter no poder. Então? O que decidir? Mas lembrou também que ele simboliza a Páscoa que encerra a quaresma (quarenta dias). No horóscopo chinês 2011 é o ano do coelho. É!! Desse mato poderia sair coelho e passou a comer cuscuz 40 e rezar a trezena de Santo Antonio todos os dias.

Chegou o dia da eleição, mas, dopado de remédios, não pôde ir votar.

Passada a eleição, tudo parecia resolvido na cabeça de Eitor, mas no que seria apenas uma consulta rotineira, nova confusão se formou. Precisou ir ao posto de saúde e lá procurou as pessoas que costumavam lhe atender. Porém lá encontrou os funcionários que antes trabalhavam no Hospital, achou que tinha se enganado de endereço. Dirigiu-se ao hospital e lá encontrou os funcionários do Posto de saúde. Não entendeu mais nada. Pobre Eitor... Aí ele ficou mole!!! Mas Eitor tava duro e não tinha dinheiro pro moto-taxi. A confusão do molim, durim retornou à sua cabeça.

Não deu outra, precisou de um psiquiatra. A solução seria procurar o serviço social do município – SERSOM.

Crente que lá encontraria a primeira-dama, perguntou-lhe sobre o prefeito, seu esposo. Nada entendeu quando a senhora falou que seu esposo não era mais prefeito, e sim vereador. Eitor ficou intrigado: Mas Meu Deus, ele era Deputado, desceu pra ser Prefeito e agora, Vereador? Daqui a pouco vai ser presidente de Associação de Moradores. Somente após muita explicação ficou entendendo que a senhora com quem ele falava não era a esposa do prefeito eleito, mas esposa do vereador que foi prefeito interinamente antes da eleição.

Consultou-se com Dr. Antônio, que também já foi prefeito, e até estranhou que ele continuasse no CAPS, mas imaginou que deve ser por que ele é o único psiquiatra da cidade. Contou seu dilema e recebeu, além da receita dos diazepans e de outras drogas, um conselho do medico, que talvez fosse a solução para sua cura – Deveria transferir seu título eleitoral para alguma outra cidade.

-É!! Pensou Eitor, eu não vou enlouquecer nesta cidade com tanta eleição e com tanta confusão, vou transferir meu título eleitoral hoje mesmo, MAS PRA ONDE?

Pensou, pensou, pensou e decidiu: TRANSFERIU PARA SIGEFREDO PACHECO.

Pobre Eitor, no meio da viagem, ainda no Alto do Meio, próximo ao Chico Nunes, encontrou comitiva da Justiça Eleitoral indo notificar o Prefeito sobre sua cassação e sobre novas eleições...Edilene